*Este conteúdo é informativo e não substitui o atendimento médico.

Insuficiência cardíaca é uma condição clínica na qual o coração não consegue bombear sangue suficiente para atender às necessidades do corpo. A falha no bombeamento de sangue compromete a chegada de oxigênio e nutrientes para todos os órgãos, assim como a eliminação de resíduos.

Apesar dos avanços no tratamento, continua sendo considerada uma síndrome grave, afetando mais de 20 milhões de pessoas em todo o mundo. Pode se desenvolver em qualquer idade, mas se torna mais comum à medida que envelhecemos, com prevalência de 17,4% em pessoas com mais de 85 anos.

No Brasil, as principais causas de insuficiência cardíaca são:
  1. Doença Arterial Coronariana (DAC): Essa é uma condição na qual as artérias que fornecem sangue ao coração tornam-se estreitadas ou bloqueadas, mais frequentemente por placas de gordura. Isso pode levar à angina, ao infarto agudo do miocárdio ou silenciosamente à insuficiência cardíaca.
  2. Hipertensão Arterial: A pressão arterial elevada faz o coração trabalhar contra uma resistência aumentada, levando o músculo cardíaco à hipertrofia (aumento de tamanho), perda de sua estrutura habitual, fibrose (morte das células cardíacas), e comprometimento das suas funções de relaxamento e contração.
  3. Miocardiopatia dilatada idiopática: Quando uma condição é descrita como “idiopática”, significa que os médicos não conseguiram determinar uma causa específica para a doença. Portanto, “miocardiopatia dilatada idiopática” refere-se a uma doença do músculo cardíaco que evolui com dilação e enfraquecimento, sem que a causa exata seja compreendida.
  4. Valvulopatias: Problemas nas válvulas cardíacas podem levar à sobrecarga do coração. No Brasil, a febre reumática (doença provocada pela infecção estreptocócica não tratada, especialmente em crianças) ainda é causa significativa de valvulopatias cardíacas.
  5. Doença de Chagas: Causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, é uma infecção comum na América Latina que pode levar a complicações cardíacas graves.
  6. Outras causas: miocardites (inflamação do músculo cardíaco), doenças endócrinas (Ex.: diabetes, hipo e hipertireoidismo), doenças autoimunes (Ex.: Lulus eritematoso sistêmico), toxicidade aos quimioterápicos, alcoolismo e abuso de drogas, cardiopatia associada ao parto, taquicardiomiopatias (Ex.: fibrilação atrial com alta resposta ventricular.), doenças infiltrativas (Ex.: amiloidose, sarcoidose.), doenças de depósito (Ex.: hemocromatose, Doença de Fabry.).

Os sinais e sintomas de insuficiência cardíaca são consequência do acúmulo de líquido (congestão sistêmica e pulmonar) e redução do fluxo sanguíneo para partes do corpo. A depender da causa e do tipo de insuficiência cardíaca, os sintomas podem variar muito de pessoa para pessoa.

• Dispneia (falta de ar): causada pelo acúmulo de líquido nos pulmões. Geralmente tem início com intolerância aos esforços físicos não habituais. Com a progressão da doença, atividades básicas do dia a dia como tomar banho, trocar de roupa, andar da cama ao banheiro podem se tornar difíceis. Alguns pacientes sentem falta de ar para conversar ou até mesmo em repouso.

• Ortopneia (falta de ar de decúbito): é a piora da falta de ar imediatamente ao deitar-se. Muitos pacientes relatam a necessidade de usar mais de um travesseiro para dormir e outros só conseguem dormir sentados nas fases mais descompensadas da doença.

• Bendopneia: falta de ar sentida ao inclinar o tronco para frente, para amarrar os sapatos, por exemplo.

• Dispneia paroxística noturna: dificuldade de respirar durante o sono. Após adormecer, o paciente pode acordar subitamente com sensação de asfixia, tosse, sudorese fria e taquicardia. É necessário levantar e o sintoma pode demorar alguns minutos para melhorar.

• Tosse seca e chiado no peito: também provocados pelo acúmulo de líquido nos pulmões, podem favorecer o diagnóstico equivocado de doença pulmonar.

• Inchaço nas pernas, inchaço dos testículos, aumento do volume abdominal

• Ganho ou perda de peso: nas fases iniciais doença, é comum a mudança brusca de peso, causada pela retenção de líquido em todo o corpo, com melhora após tratamento adequado. Com o avançar da doença, pode acontecer uma perda de peso gradual, decorrente do processo de sarcopenia (perda de massa muscular e força) e caquexia (perda global de peso e desnutrição).

• Fadiga: a falta de oxigênio e nutrientes faz com que os músculos se cansem mais rápido.

• Tontura e perda da consciência: podem ser consequência da redução do bombeamento de sangue para o cérebro, arritmias cardíacas ou queda da pressão arterial pelos medicamentos.

• Taquicardia: é o aceleramento do coração, que tenta compensar a falta de força para bombear aumentando a frequência cardíaca.

A fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) é uma medida calculada através do ecocardiograma, que avalia a eficiência com que o coração está bombeando sangue para o corpo. Ela indica a porcentagem do sangue que é expulso do ventrículo esquerdo a cada contração cardíaca. Normalmente, o coração bombeia cerca de 50% a 70% do sangue contido no ventrículo esquerdo durante cada batimento, sendo estes os valores de fração de ejeção normais.

A insuficiência cardíaca pode ser classificada de acordo com a fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE), a gravidade dos sintomas e a progressão da doença.

1. Quanto à fração de ejeção:

• Insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER): < ou = 40% • Insuficiência cardíaca com fração de ejeção intermediária (ICFEI): 41 a 49% • Insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP): > ou = a 50%

Diferenciar os pacientes de acordo com a fração de ejeção, os sintomas e o estágio da doença, é importante, uma vez que, eles diferem em relação às suas principais etiologias, às comorbidades associadas e, principalmente, às opções terapêuticas. O tratamento da ICFEP geralmente envolve a gestão dos fatores subjacentes, como controle da pressão arterial, e da diabetes, tratamento da doença coronariana e outras doenças crônicas associadas. Em alguns casos, medicações para aliviar os sintomas e reduzir as hospitalizações por descompensação da doença. O tratamento da ICFER passou por grande avanço nos últimos 10 anos, com associação de medicações capazes de reduzir a mortalidade pela doença e não apenas de reduzir sintomas.

2. Quanto à gravidade dos sintomas (Classificação funcional de NYHA):

• Classe I: pacientes assintomáticos
• Classe II: atividades físicas habituais causam sintomas. Limitação leve
• Classe III: Atividades físicas menos intensas que às habituais causam sintomas. Limitação importante, porém, confortável no repouso.
• Classe IV: Incapacidade para realizar qualquer atividade sem apresentar desconforto. Sintomas no repouso

3. Quanto à progressão da doença:

• Estágio A: Risco de desenvolver IC. Sem doença estrutural ou sintomas de IC (Ex.: paciente com tabagismo, dislipidemia, hipertensão, etilismo, diabetes e obesidade ou submetidos a quimioterapia cardiotóxica).
• Estágio B: Doença estrutural cardíaca presente. Sem sintomas de IC.
• Estágio C: Doença estrutural cardíaca presente. Sintomas prévios ou atuais de IC.
• Estágio D: IC refratária ao tratamento clínico. Requer intervenção especializada.

O tratamento para insuficiência cardíaca começa com a prevenção.

1. Adotar hábitos de vida saudáveis como dieta adequada, atividade física regular, controle do peso, da pressão arterial (< 130 x 80 mmHg), dos níveis de glicemia e colesterol, cessar o tabagismo e limitar o consumo de álcool, está associado a um menor risco de desenvolver insuficiência cardíaca ao longo da vida.

2. Acompanhamento médico regular: manter consultas regulares com um cardiologista ou especialista em insuficiência cardíaca é fundamental para ajustar o plano de tratamento conforme necessário, aprender sobre autocuidado, reduzir o risco de hospitalizações, melhorar a qualidade de vida e aumentar a sobrevida.

3. Vacinação: a vacinação contra doenças respiratórias é capaz de reduzir hospitalizações e morte por insuficiência cardíaca. As diretrizes atuais recomendam vacinação anual contra Influenza (vírus da gripe) e vacinação contra pneumococos (bactéria responsável por grande parte das pneumonias bacterianas).

4. Reabilitação cardiovascular (exercício aeróbico e de força), para pacientes com sintomas controlados, melhora a qualidade de vida e a capacidade funcional dos pacientes.

5. Medicamentos: para os pacientes com insuficiência cardíaca de fração de ejeção reduzida, o tratamento medicamentoso atual tem 4 pilares mais importantes, capazes de reduzir sintomas, hospitalização e morte por insuficiência cardíaca. São eles os betabloqueadores (Carvedilol, succinato de metoprolol e bisoprolol), antagonistas mineralocorticoides (Espironolactona, Esplerenone), inibidores do co-transportador de sódio-glicose tipo 2 (Empagliflozina e Dapagliflozina) e IECA/BRA/INRA (Enalapril, Losartana, Entresto…). Outras medicações ainda apresentam algum benéfico em redução de mortalidade, como a hidralazina e o nitrato, em casos selecionados, ou apenas para redução de sintomas e hospitalização, como diuréticos, digoxina e ivabradina. O tratamento medicamentoso da insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada não segue os mesmos pilares descritos acima. Algumas medicações que foram citadas conseguem reduzir sintomas, melhorar a qualidade de vida e até reduzir hospitalizações, mas nenhuma medicação conseguiu reduzir, de forma significativa, as mortes por insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada. Prevenir e controlar os seus fatores de risco ainda é o melhor caminho mais seguro.

6. Intervenções Cirúrgicas ou Procedimentos: dependendo da causa da insuficiência cardíaca, pode ser indicada angioplastia coronariana, cirurgia de revascularização miocárdica (ponte de safena), correção das válvulas ou de defeitos congênitos.

7. Dispositivos Cardíacos Implantáveis: marca-passo, desfibriladores implantáveis e ressincronizadores cardíacos para ajudar a regular o ritmo cardíaco e melhorar a função cardíaca.

8. Dispositivos de assistência ventricular e Transplante Cardíaco: Em casos graves e resistentes a todas as formas de tratamento, o transplante de coração pode ser uma opção. Até que este seja realizado ou, caso não seja mais possível, existem dispositivos internos e externos, mais complexos que os marca-passos, para auxiliar ou substituir temporariamente a função do coração.

O tratamento da insuficiência cardíaca precisa ser individualizado e pode variar com base na gravidade da condição, na presença de outras condições médicas associadas e nas necessidades específicas de cada paciente. É importante seguir as orientações do seu médico e comunicar qualquer preocupação ou mudança nos sintomas.

É possível, dependendo da causa, tempo de diagnóstico e do tratamento. Em muitos casos, não há cura definitiva. No entanto, é possível gerenciar e controlar a condição com tratamento adequado. O objetivo principal do tratamento é melhorar a qualidade de vida, reduzir os sintomas e prevenir complicações.
Lembrando que o sucesso do tratamento e a resposta à terapia podem variar de pessoa para pessoa, e o acompanhamento médico é essencial para determinar a melhor abordagem para cada paciente.

Entendo que a perspectiva de tomar medicamentos a longo prazo pode parecer desafiadora, mas o uso regular das medicações é crucial para controlar e gerenciar a condição, melhorando a qualidade de vida e reduzindo o risco de complicações. Mesmo em casos nos quais conseguimos alcançar uma melhora completa do coração, até o momento, não é recomendada a suspensão das medicações.

Em pacientes com insuficiência cardíaca, vitaminas, suplementos nutricionais e hormonioterapia não são recomendados, a não ser em casos específicos de alguma deficiência. Atualmente, há centenas de artigos animadores e propagandas nos diversos meios de comunicação favorecendo a reposição de vitaminas e uso de “substâncias naturais” para se manter saudável ou tratar doenças já estabelecidas. Contudo, não há grandes estudos científicos que comprovem de forma concreta os benefícios desses tratamentos ou definam os riscos para cada grupo de pacientes. Alguns medicamentos naturais ou alternativos comuns, podem interferir na ação das medicações para insuficiência cardíaca e ter efeitos prejudiciais (Ex.: Ginsen, Ginko, Coenzima Q-10, entre outros).

  • Bloqueadores dos canais de cálcio não-dihidropiridínicos (Verapamil e Diltiazem): medicações usadas no controle da pressão arterial e dos batimentos cardíacos, que podem deprimir a função cardíaca em paciente com insuficiência cardíaca já estabelecida.
  • Anti-inflamatórios não hormonais (Diclofenaco, Nimesulida, Ibuprofeno, Cetoprofeno, Naproxeno, celocoxibe, entre outros): provocam retenção de sal e líquidos, agravando os sintomas da insuficiência cardíaca. Também podem comprometer a função renal.
  • Tiazolidonas (Pioglitazona e Rosiglitazona): usadas no tratamento da Diabetes tipo 2, podem causar retenção de líquido, piora dos sintomas e hospitalização dos pacientes com insuficiência cardíaca.
  • Corticosteroides (prednisona, prednisolona, dexametasona, hidrocortisona, metil-predinisolona): assim como os anti-inflamatórios não hormonais, provocam retenção de sal e líquido, além de elevação da glicemia. Devem ser usados com cautela, em baixas doses e por curtos períodos de tempo. Existem algumas doenças inflamatórias e autoimunes que requerem o uso de doses mais altas e tempo prolongado. Esses casos precisam ser discutidos entre os especialistas, considerando os riscos e benefícios e o paciente deverá ser acompanhado de perto para sinas de descompensação da doença cardíaca.
  • Alguns antiarrítmicos (Sotalol e Propafenona): efeito pro-arrítmico e cronotrópico negativo.
  • Antidepressivos tricíclicos (Amitriptilina, Nortriptilina, imipramina, Doxepina, Desipramina): podem aumentar o risco cardiovascular por prolongamento do intervalo QT, taquicardia, hipertensão, hipotensão ortostática, dislipidemia e ganho de peso.

A dieta DASH, sigla para “Dietary Approches to Stop Hypertension” (Abordagens Dietéticas para Controlar a Hipertensão) é uma dieta focada em reduzir a pressão arterial e é conhecida por promover a saúde cardiovascular. Trata-se de uma dieta que prioriza o consumo de frutas, vegetais, grãos integrais, proteínas magras e laticínios com baixo teor de gordura e limita a ingestão de sódio.
A restrição de sódio na dieta é um tratamento não farmacológico comum para pacientes com insuficiência cardíaca. No entanto, o nível ideal de ingesta diária de sódio é ainda assunto controverso. Não há estudos prospectivos randomizados com amplo número de pacientes, testando diferentes regimes de ingesta de sódio, avaliando desfechos relevantes para embasar recomendações detalhadas. A Diretriz Brasileira de Insuficiência cardíaca recomenda que se evite ingesta excessiva de sódio (em níveis > 7 g de sal cloreto de sódio por dia) para todos os pacientes com insuficiência cardíaca crônica. A restrição mais rigorosa ou exclusão do sal da dieta pode resultar em uma dieta pobre, baixa ingesta alimentar e má absorção de macro e micronutrientes.

Dicas:
• Evite colocar o saleiro na mesa
• Evite alimentos industrializados, processados ou embutidos, com alto teor de sal.
• Verifique os rótulos dos alimentos para conhecer o teor de sal (cloreto de sódio)
• Cuidado com os períodos festivos do ano (São João, Natal, Semana Santa…). Nesses períodos, há um aumento do consumo de alimentos ricos em sal e gordura e bebidas alcoólicas e, também, há um maior número de internações hospitalares por descompensação da doença.

A insuficiência Cardíaca causa retenção de sal e líquido no corpo. O excesso de líquido causa falta de ar, inchaço nas pernas, aumento do volume abdominal e dificulta a digestão dos alimentos. Assim como a restrição de sal na dieta, não há evidências robustas disponíveis que permitam estabelecer a quantidade adequada de líquido. O seu cardiologista pode indicar o uso de diuréticos para ajudar a eliminar o excesso de líquido e em alguns períodos de descompensação, pode recomendar alguma restrição temporária, que será orientada de forma individualizada.
Em geral, para pessoas saudáveis, o cálculo da quantidade de água a ser ingerida, por dia, é feito com base no peso corporal e idade da pessoa, sendo que para jovens é recomendado 40 ml por cada kg e para idosos 25 a 30 ml por cada kg de peso corporal. Se você tem insuficiência cardíaca, evite passar desse limite.

Dicas:
• Considere a ingestão de líquidos totais ao longo do dia (água, sucos, chás, café, vitaminas…)
• Tenha uma garrafa de água individual e copos com medidas, para que seja mais fácil contabilizar quantos litros você já bebeu.
• Se você já excedeu a quantidade de líquido do dia e ainda tem sede, tente chupar um cubo de gelo.
• Se apresentar febre, vômito ou diarreia pode ser recomendado aumentar a ingestão de líquido e conversar com seu médico para avaliar a suspensão temporária do diurético.

O consumo excessivo de álcool está linearmente associado ao maior risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC), Doença Coronariana (DC) e Insuficiência cardíaca (IC) e redução da expectativa de vida. O álcool tem efeitos tóxicos diretos sobre o músculo cardíaco, sendo capaz de causar miocardiopatia dilatada.
O limite de consumo considerado seguro é de cerca de 100 g de álcool puro por semana. O número de bebidas e o tamanho da porção vai depender da quantidade de álcool puro que cada bebida contém. Esse limite é semelhante para homens e mulheres.

Para encontrar o número de gramas de álcool na sua bebida, é necessário multiplicar o volume da bebida alcoólica pela sua percentagem de álcool por volume, depois multiplicar pela densidade do álcool etílico em gramas por mililitros e dividir o resultado por 100. Para qualquer bebida, a densidade do álcool etílico é de 0,8.

Pacientes com insuficiência cardíaca devem ser orientados a restringir o consumo de álcool ou se abster por completo, principalmente nos casos de miocardiopatia dilatada induzida pelo álcool.

Quem tem insuficiência cardíaca deve entender o exercício físico como parte do tratamento. Como qualquer tratamento, tem dose e indicações que precisam ser individualizadas. O exercício pode ajudar a melhorar a capacidade cardiovascular, a força muscular e a qualidade de vida para muitas pessoas com insuficiência cardíaca.

A atividade sexual é um componente importante da qualidade de vida dos pacientes com doença cardiovascular. Há mais de 10 anos, a “Associação Americana do Coração” publicou um posicionamento, atestando a segurança da atividade sexual em portadores de doença cardiovascular, desde que a doença esteja compensada. A diminuição da atividade e função sexual está frequentemente associada à ansiedade e à depressão. Aproximadamente 25% dos pacientes com insuficiência cárdica relatam cessação total da vida sexual. Muitos pacientes relatam que a atividade sexual não é realizada devido aos sintomas da doença, e relacionam impotência e falta de desejo aos medicamentos utilizados para seu tratamento. De fato, algumas medicações usadas no tratamento da doença podem estar associadas com alterações de função sexual, como alguns betabloqueadores, a digoxina e os antagonistas dos receptores mineralocorticoides (espironolactona). No entanto, manter a doença sem controle pode agravar ainda mais a disfunção erétil, enquanto o tratamento clínico otimizado aumenta as chances de uma atividade sexual segura e satisfatória. O tratamento da disfunção erétil, em pacientes com insuficiência cardíaca, pode envolver abordagem multidisciplinar com a cardiologia, urologia, serviço de psicologia e reabilitação cardiovascular, além do uso dos inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (Sildenafil), que já tiveram sua segurança e eficácia testada em estudos, neste grupo de pacientes. Antes de iniciar qualquer tratamento ou medicação para disfunção erétil, consulte seu cardiologista para avaliar o status da sua doença e possíveis interações entre o sildenafil e seus medicamentos.

Muitas pessoas com insuficiência cardíaca conseguem se manter ativos profissionalmente. Os avanços no tratamento têm contribuído para manter a capacidade de trabalho. No entanto, cada caso precisa ser avaliado individualmente, dependendo da gravidade da condição, dos sintomas e do tipo de trabalho. A troca de função pode ser necessária em casos de tarefas laborativas de força ou profissões consideradas de alto risco. O afastamento do trabalho pode afetar o estado emocional e a autoestima dos pacientes, contribuindo para quadros de depressão.

Viagens não são um problema, se a doença estiver bem controlada, mas sempre que houver uma programação de viagem, é importante seguir algumas recomendações:

Se for viajar de avião, é prudente ser avaliado por seu cardiologista para atestar a estabilidade da doença e passar orientações que podem ser necessárias durante o voo. Em alguns casos raros, o seu médico poderá recomendar a administração de um suplemento de oxigénio durante o voo, sendo necessário entrar em contato com a companhia aérea com antecedência para fazer a solicitação.

Dicas:
• Leve com você todos os seus remédios e doses extras, considerando possibilidade de atrasos no retorno. Mantenha-os, de preferência, na bagagem de mão, com fácil acesso.

• Se apresentar alguma dificuldade de mobilidade, solicite a cadeira de rodas no aeroporto para facilitar o embarque e desembarque.

• Faça pequenas caminhadas e movimentos de alongamento durante o voo para ajudar a circulação. Seu médico também poderá recomendar o uso de meias de compressão ou anticoagulantes.

• Se tiver um marca-passo, informe à companhia aérea e à segurança do aeroporto. Ele será detectado pelos equipamentos de segurança, mas isso não irá interferir no funcionamento do seu dispositivo.

Sim, na maioria dos casos, é seguro para pessoas com insuficiência cardíaca receberem vacinas. No entanto, é importante que qualquer pessoa com insuficiência cardíaca consulte o seu médico antes de receber qualquer vacina. O profissional de saúde poderá avaliar a situação individual do paciente, e o melhor momento para que a vacina seja aplicada.

A maioria das pessoas com Insuficiência Cardíaca (IC) pode dirigir. Algumas considerações e restrições precisam ser feitas para indivíduos que ganham a vida conduzindo, trabalhando com transporte de carga ou transporte público. Pacientes com história de síncope (perda súbita da consciência), arritmias graves e uso de cardiodesfibrilador implantável (marca-passo especial que detecta arritmias graves, que podem levar à uma parada cardíaca, e são capazes de emitir choques elétricos para restaurar o ritmo cardíaco normal.